Prestes a completar 47 anos de polícia em 1º de junho deste ano, o delegado Maurílio Pinto de Medeiros, conhecido como “Xerife”, anuncia que pretende “pendurar” seu distintivo e seu revólver Magnum 357 em março. Ele está antecipando a sua aposentadoria, que era para acontecer somente em agosto, quando o atual titular da Delegacia de Capturas (Decap) completa 70 anos de idade e deixaria a polícia compulsoriamente.

Maurílio Pinto garante que tomou a decisão sozinho, sem pressão da polícia. Segundo ele, a sua saúde foi o fator que mais lhe influenciou nessa resolução. Ele lembra que, há cerca de onze anos, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), que comprometeu os movimentos de seu lado esquerdo. “Minha própria capacidade de locomoção já não é mais a mesma, então resolvi descansar”. Anteriormente, os planos do “Xerife” eram de encerrar a carreira na polícia somente na idade de aposentadoria compulsória, que é em agosto deste ano.

O delegado afirma que está planejando terminar a carreira logo após retornar das férias, que acontecerão em fevereiro. “Mesmo de férias, estarei vindo à delegacia para adiantar a documentação para a minha aposentadoria. Assim que passar fevereiro, quero parar”. Maurílio Pinto conta que, inclusive, já despediu-se do Conselho Superior de Polícia, órgão deliberativo da Polícia Civil, na última quinta-feira. “Era a última reunião dessa gestão e resolvi anunciar o meu desejo aos demais colegas”.

Apesar da convicção de que vai deixar a polícia em março, o “Xerife” admite que “ninguém está preparado realmente para parar. Mas acho que chegou a minha hora. Encerro a carreira com muita satisfação, por que gosto do que faço. Sempre dizia que se me oferecessem o dobro do salário para eu trabalhar em outra coisa, não trocaria. Agora, se fosse o triplo, ainda balançaria”. O delegado diz ainda que, se fosse convidado para algum cargo no novo governo, recusaria. “Não tenho pretensões de ocupar qualquer cargo”. Ele afirma que planeja fazer viagens quando se aposentar. “Primeiramente vou conhecer todo o Sul do país”.

Trajetória

Maurílio Pinto lembra que começou a carreira de policial como motorista do pai, o coronel PM Bento Manoel de Medeiros. Por cerca de 21 anos, o delegado era considerado o chefe de Polícia do Rio Grande do Norte. Entre os postos mais altos, ele exerceu as funções de subsecretário e secretário adjunto de Segurança Pública. Em 1997, ao fazer um curso no estado do Texas, no Estados Unidos, ele recebeu o título de xerife e uma insígnia em forma de estrela. “É humanamente impossível calcular quantas pessoas prendi em minha carreira”, resume.

Do Diário de Natal

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