Preocupada em se salvar do turbilhão de escândalos que atinge o governo do qual faz parte e o Congresso que comanda, a cúpula do PMDB vai propor à presidente Dilma Rousseff que faça uma reforma administrativa e “corte na própria carne” no ajuste fiscal. A mudança de estratégia do partido, que até então só aparecia brigando por cargos, foi definida em almoço promovido por Michel Temer, na quinta-feira, no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. A ideia é tentar melhorar a própria imagem – descolando-a do fisiologismo e associando-a ao discurso de austeridade – para a campanha eleitoral nos municípios do ano que vem.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), alvo citado na lista de políticos suspeitos de participar do esquema de corrupção na Petrobrás, chegou a defender no encontro a “refundação” do governo Dilma. A ideia é deixar para trás o que parlamentares do partido chamam de “cara de derrota” do segundo mandato de Dilma. “Esse processo é mais amplo do que a simples ocupação de cargos”, disse o líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE), que também participou do almoço no Jaburu com Temer, Renan e o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. “A nossa preocupação, hoje, é com a crise política e econômica.”
A proposta que o PMDB vai levar a Dilma inclui o discurso segundo o qual é preciso diminuir o número de ministérios – hoje são 39 – e de cargos comissionados do governo – cerca de 20 mil.
