Matéria da Tribuna do Norte afirma que, no Rio Grande do Norte, cerca de 60% dos municípios (98 de 167) envia o lixo hospitalar para lixões a céu aberto. A média fica bem acima da regional (11,5%) e da nacional (15,4%). Os riscos dessa prática são potencialmente distribuídos para toda a população, não se limitando a catadores de resíduos ou a quem sobrevive de reciclagem de material.
Caicó, a 267 km de Natal, era um dos municípios potiguares que não tratavam o lixo hospitalar. Algumas unidade de saúde, como o Hospital Regional, até incineravam seus resíduos, entretanto, boa parte do lixo proveniente de clínicas, hospitais e unidades municipais de saúde ia parar no lixão da cidade. Hoje, os resíduos são coletados e tratados pela Serquip. Catadores que vivem no lixão afirmam, entretanto, que parte do lixo hospitalar da cidade ainda é descartado no local.
“Vem sim para cá. Eles (os motoristas das caçambas de lixo) queimam logo. Não deixam a gente chegar perto”, afirma um dos catadores, que não quis se identificar. Ele mesmo já se feriu. Pisou numa seringa e precisou retirar a agulha que entrou no pé. Não foi ao hospital, porém. Desinfectou o ferimento com iodo, cujo frasco também encontrou no lixão.
“A gente encontra seringa, soro, luva. O homem que traz o lixo queima na mesma hora”, afirma outro catador, que vive no lixão há um ano. O ‘homem que traz o lixo’, cujo nome será preservado, é motorista da Prefeitura de Caicó e nega o descarte irregular. “Eu trago apenas lixo comum do hospital”, explicou, visivelmente nervoso.
A equipe de reportagem, que vasculhou o lixão, não encontrou nenhum ‘resíduo de serviço de saúde’ no local. Segundo os catadores, o lixo havia sido descartado e queimado na semana anterior.
O diretor do Hospital Regional de Caicó, Nildson Dantas, reforçou a versão do motorista. Segundo ele, apenas o lixo comum é descartado no lixão. “O infectante, é acondicionado em recipientes especiais e recolhido pela Serquip uma vez por semana. Não tenho conhecimento de descarte irregular em Caicó. O último caso foi registrado há quase dez anos, quando o assunto começou a ser discutido na Câmara de Vereadores”, afirmou Nildson. Os catadores defendem sua versão. “A verdade cabe em todo lugar”, diz um.
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