Não bastassem os escândalos financeiros e sexuais que abalaram a imagem da Igreja Católica na última década, o sucessor de Bento XVI terá de enfrentar um desafio cada vez mais importante em Roma: o da comunicação.
A disputa entre cardeais por mais transparência ou pela preservação da cultura do segredo que norteia até aqui a instituição ficou clara nessa semana, quando o Colégio Cardinalício impôs a seus membros a lei do silêncio em meio às reuniões pré-conclave, estrangulando – pelo menos por ora – o esforço de relações públicas empreendido por um grupo crescente no Vaticano.
O prenúncio da disputa por maior abertura da Cúria Romana foi o caso VatiLeaks, que trouxe a público durante o pontificado de Bento XVI informações sigilosas sobre corrupção e tráfico de influência na cúpula do poder. O vazamento teria sido para muitos um acerto de contas entre facções italianas, mas também uma demonstração de que a relação entre o Vaticano e seus fiéis não pode mais ser baseada na opacidade.
Outra iniciativa por mais transparência vinha sendo feita até a semana passada pela Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), que convocava entrevistas coletivas nas quais seus cardeais falavam – de forma superficial e sem violar segredos de Estado – sobre os principais temas discutidos nas congregações-gerais.